quarta-feira, setembro 26, 2007

Devaneio céus e
estrelas num
surto de raios
e relâmpagos infernais

O que me faz
respirar dia e noite
é a vontade de
não querer mais

A natureza dá
seu espetáculo
sem perguntar
minha opinião

A tempestade continua
e eu não posso dizer não.

terça-feira, setembro 25, 2007

Não foi num dia alegre
que te descobri, poesia,
nem mesmo foi cantando
amor; não foi num
dia repleto de cor,
poesia, a primeira
vez que te senti.

Foi andando na rua
de tristeza em tristeza;
foi de calos inchados
e de profundas olheiras;
foi no dia que o universo
chorava mais uma vez
a dor de tudo o que existe
que eu triste te constatei:

Vou fazer, poesia, poesia
dos escombros do mundo.

sábado, setembro 22, 2007

Suicídio da semana que vem

Os olhos arregalados
sem saber para
onde olhar
se desviassem para
aqui ou para ali
pra lá ou pra cá
o lugar não saia
da retina
o lugar não saia
do lugar.

E mesmo se visse
adolescentes cheirando
cocaína, sorria
como se fosse
uma piada de rotina
olhos arregalados
todo lugar é o
mesmo lugar.

Correria de polícia
mortos nas esquinas
minha mãe transa
com o vizinho
meu pai bate
na minha mãe
o amor
o amor
compensa tudo
eu sou gay
ninguém sabe:

olhos arregalados
todo lugar
é poesia.

sexta-feira, setembro 21, 2007

Contanto que não me exceda em desaforos pode ser. Minha mãe é bonita mas é legal, sabe bem como apreciar um vinho. Dá pra fazer um encontro e uma orgia daquelas. Já até convidei Satanás pra festa, ele disse que iria torturar umas almas e tentar dissuadir alguns anjos. Com essas criaturas vindas de lá é sempre brabo de se lidar. Satanás é bem esperto mas ele cansa, sabe como é que é né, trabalhar no inferno não é fácil. Ainda mais com a quantidade de almas entrando todos os dias. Ouvi dizer que meu pai já está até removendo alguns itens da lei universal do pecado, parece que ser prostituta já não é mais tão pecado assim. Fruto da merda que eu fiz quando estive na terra, ruim pra nós. Tenho certeza que Satanás dará um jeitinho de sair e beber um vinho conosco, ele não resiste a um sabor diferente. Imagina ficar bebendo sangue e sangue e sangue todos os dias. Só de pensar me dá enjôo.
Agora se aquela pomba vier dizendo com aquela cara de esperma envelhecido que minha mãe é uma santa obra de Deus eu vou mandar ela pros quintos. Minha mãe é uma criatura íntegra, digna dos mais escuros recônditos infernais. Ela tem aquela cara de santa tu sabe por quê, ela tem que enganar direitinho o dito todo poderoso, de outra maneira como a gente iria conseguir ter o controle das ações dele. Eu também me coloco esses olhos azuis para esconder os meus vermelhos, eu tenho essa barba pra esconder meus caninos, eu fui à terra, fiz um teatro e agora ele é orgulhoso de mim.
Estou começando a desconfiar que aquela pomba quer dar pro meu pai e não sabe como, então fica ai inventando injúrias contra minha mãe. Um dia desses eu faço ela passar uma eternidade inteirinha aqui, sem nenhum remorso. Aí veremos se ela vai ficar fazendo calúnias depois de todo o tédio e calmaria, depois de ouvir as canções nauseantes dos Querubins e ficar vendo os dentes dos sorrisos simpáticos sólidos como concreto dos habitantes daqui.
Enfim, espero que minha mãe, a "virgem santíssima", não tenha problema nenhum por aí e que sua recepção seja digna da criatura que é.

quinta-feira, setembro 20, 2007

Passa Tempo Passa

Lembro e não há
nesse mundo nada
mais triste do que lembrar.
O que fomos, quem
costumávamos ser,
o que pensamos, que
costumávamos pensar,
tudo fica pra trás.
Dizemos que evoluimos
como se fizesse
alguma diferença.
No fim somos o que
sempre fomos
e ninguém pode nos salvar:
Lembro e não há
nesse mundo nada
mais triste do que lembrar:
Estamos perdidos
e o tempo não sai
do mesmo lugar...

segunda-feira, setembro 03, 2007

De veias se fez
de sangue e de asco
o velho carrasco
que um dia
amou tanto.

Pois sem ter ninguém
que enxugasse
seu pranto
pensou no seu fim
e num momento
de desespero
arrancou
seu próprio
coração
assim.

De sangue e de asco
o velho carrasco
que um dia
amou tanto.

Agora
sem coração mas
de rosto sereno
cantava canções
de amor sem sentir.

O velho carrasco
que um dia
amou tanto
por desencanto
até sua morte
arrancou corações
por aí.
Arrisca-se ao nascer
cada indivíduo
cada ser
à vida

e assim:
Cresce-se
Conhece-se?
Amasse?
Sofre-se
Morre-se
Por quê?

Um eco ressoa,
ressoa, ressoa,
sem morrer.

sábado, setembro 01, 2007

Casulo

Eu tenho medo

Medo de respirar
a luz das estrelas
de ofuscar meus olhos
com a luz do sol

Medo de me apaixonar
pela distância da lua
de me encontrar
perdido na noite

Eu tenho medo
muito medo