quinta-feira, junho 28, 2007

XLII

O amor que por ti sinto
Não é um jardim florescendo,
Não é um dia amanhecendo,
Nem mesmo é um luar lindo!

Tudo o que sinto é maior
Do que a própria natureza
Tem mais candura e beleza
E tem muito mais sabor!

Porque o jardim emurchece,
O dia sempre amanhece
Torna-se sol o luar!

Meu amor é mais bonito,
Meu amar é mais amar,
Meu amor é infinito!

terça-feira, junho 26, 2007

XLI

Amar... Simples amar e ser amado
E se ter amor para além dos céus;
Amar de lábios e olhos ateus...
Amor humano... Amor compartilhado...

Amar deveras... Sem ser rotulado
Todo amor que tenho aos cabelos teus...
Amar sem consentimento de deus...
Amor somente... Longe do pecado...

Porque se deus nos deu o coração
Não foi para nada senão amar!
Nos fez na boca lábios para o beijo!

Por que razão nos faria atração?
Nos faria corpo para pecar
Se nos fez homem e mulher pro desejo?

quinta-feira, junho 21, 2007

XXXVII

O sol nasce laranja por de trás
De nuvens que vão raiando amarelas
E banhando com sua luz os plátanos
Que ofuscam os olhos cor de mel.

Sustenta a prole dos jacarandás
De minha terra com suas aquarelas
De cores vivas e mortas... Sons diáfanos
De luzes e amores rasgam o céu.

Impera lá do espaço poderoso,
Tão-longe-tão-perto num só momento...
Em raios, tudo em sua volta gira...

Nesse despontar da manhã ostentoso;
Rindo da vida, zombando do tempo,
Copioso da infinita luz que aspira.

sexta-feira, junho 15, 2007

XXXIII

Sozinho. Ele profundamente triste
Tristemente mira mudo as estrelas
Ensaia suspiros tentando entendê-las,
Loucamente entendê-las ele insiste.

Para ele não existe astrologia,
Nem conhece as constelações mais belas,
Ele apenas deseja estar entre elas
Entre elas esquecer-se noite e dia.

Ele viaja... Ele sente uma a uma;
Ele assim se perde no pensamento
Sobre elas, e nada mais existe.

Então acende um cigarro... Ele fuma...
Ele chega esquecer por um momento
Que até o momento ele fora triste.

terça-feira, junho 12, 2007

Não sou o que diz,
Desenrola e tem
Fala desenvolta,
Nem meus pensamentos
Eu tenho na ponta
Da língua, nem frases
Fluem levemente
Pela minha boca.
Eu sou o que cala,
Afasta, resvala,
Protela, apavora,
Evita momentos,
Levita, devora,
Dilacera e erra
Grandes sentimentos.
Sou aquele sempre
Que se dói por dentro.

sábado, junho 09, 2007

Ele caminha
Ele corre
Ele tropeça
Ele sangra
Ele levanta
Ele caminha
Ele corre
Ele chora
e as lágrimas
que derramam seus olhos
misturam-se com
o sangue e com a chuva.
Os trovões confundem-se
com seus gritos.
Ele grita e não sabe por que
então ele grita mais alto
até ficar sem voz.
Ele grita por nada.
Por não saber por que gritar.
Ele grita porque tudo
lhe é um imenso vazio.
Ele sai de pés descalço para rua. Chove torrencialmente. Ninguém sabe para onde vai, nem mesmo ele. É uma procura infinita pelo nada. Ele procura achar nada. Ele sente seu peito comprimir cada dia mais. Ele não sabe o que faz. Ele não sabe viver, tudo que faz parece-lhe vão e nunca se está devidamente como se deve estar. As palavras que fala nunca são as certas para a ocasião. Os livros que lê parecem idiotas e procurar um emprego não tem sentido.
Ele caminha. Ele corre. Ele tropeça. Ele sangra. Ele levanta. Ele caminha. Ele corre. Ele chora e as lágrimas que derrama seus olhos misturam-se com o sangue e com a chuva. Os trovões confundem-se com seus gritos. Ele grita e não sabe por que então ele grita mais alto até ficar sem voz. Ele grita por nada. Por não saber por que gritar. Ele grita porque tudo lhe é um imenso vazio.

terça-feira, junho 05, 2007

Trago e solto lentamente a fumaça.
O cigarro me vitaliza.
A cada tragada é um suspirar
mais profundo que o outro,
um suspirar melancólico
e ao mesmo tempo apaixonado
pelo caminhar das gurias
do Campus do Vale.
O inverno ainda as faz mais
atraentes e misteriosas.
É um querer-saber-o-que-há-além-dos-blusões
que me deixa inquieto.
E seus passos parecem-me tão longe
como se eu estivesse assistindo TV.
direita-esquerda-direita-esquerda
câmera lenta.
mão que rasga
minha pele
minha carne
meus ossos
meus músculos
e expreme sem remorso
meu involuntário coração.
Minha vez de tomar o mate.
Havia esquecido de meus amigos.
Por instantes foram
apenas sons mudos
que adentravam
meus ouvidos
sem-significado-nem-significante.
Por instantes fora eu
o cigarro
a fumaça
o sol
o frio
e o caminhar
pseudodistante das gurias
do Campus do Vale.
Mas agora percebi
esses sons diáfanos
e o mate se faz companhia
à minha distante solitude
e o evaporar da água
se une à fumaça
do meu cigarro
num ritual
de acasalamento
e minha boca
meu peito
minha língua
queimam como
uma paixão qualquer.