sexta-feira, novembro 02, 2007

A casa fala.
Os espelhos enxergam
Mais do que imaginamos.
Cada canto tem uma história
Pra contar.
Nós vivemos o presente
Não há dúvida.
Mas tudo o que passou
Nos olha cheio de ira
pelo não saber aproveitar.

A casa fala
Bem baixinho...
As vozes estão enclausuradas
Numa perpétua vontade de
Gritar. Numa ânsia de vida.
Cada canto esconde uma ruga,
Eu bem sei.
O novo, o belo, o futuro,
Nada pode me enganar...
Eu sei que o que passa
Fica no mesmo lugar.

Levantam-se gritos!
As portas rangendo
São meus ossos envelhecidos.
O cheiro de mofo é o
Guardado do meu sexo...
Rebenta choro de
Séculos passados
Lágrimas que não
Puderam rolar.
Lágrimas que choram por mim!
Lágrimas que são meus
Desejos escondidos
Sabe-se lá onde...
Só agora descobri!
Desejos meramente desejados!

Esperneia o tempo passando.
Não há como parar!
Rebenta ponteiro do relógio
Que eu não quero mais
Te escutar...
Passar, passar, passar...
Até quando passará?
A casa guarda teus segredos,
Por que só eu te ouço falar?

Ah! Mas eu não agüento
o tédio!
O meu corpo se perde
Na morte que o aguarda,
Mas ainda falta tanto tempo?
Os dias se vão tão rápidos
Com os minutos tão lentos!

Mas a casa...
A casa não sabe que horas são.