Trago e solto lentamente a fumaça.
O cigarro me vitaliza.
A cada tragada é um suspirar
mais profundo que o outro,
um suspirar melancólico
e ao mesmo tempo apaixonado
pelo caminhar das gurias
do Campus do Vale.
O inverno ainda as faz mais
atraentes e misteriosas.
É um querer-saber-o-que-há-além-dos-blusões
que me deixa inquieto.
E seus passos parecem-me tão longe
como se eu estivesse assistindo TV.
direita-esquerda-direita-esquerda
câmera lenta.
mão que rasga
minha pele
minha carne
meus ossos
meus músculos
e expreme sem remorso
meu involuntário coração.
Minha vez de tomar o mate.
Havia esquecido de meus amigos.
Por instantes foram
apenas sons mudos
que adentravam
meus ouvidos
sem-significado-nem-significante.
Por instantes fora eu
o cigarro
a fumaça
o sol
o frio
e o caminhar
pseudodistante das gurias
do Campus do Vale.
Mas agora percebi
esses sons diáfanos
e o mate se faz companhia
à minha distante solitude
e o evaporar da água
se une à fumaça
do meu cigarro
num ritual
de acasalamento
e minha boca
meu peito
minha língua
queimam como
uma paixão qualquer.
terça-feira, junho 05, 2007
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