Literatura de cordel
Na minha rua
A moça enfeitada
Bonita e cheirosa
De pele fogosa
E bem hidratada
Está no jardim
Cuidando das flores
Pensando em amores
Cheirando jasmim
E passa um mendigo
Cheinho de fome
Quase que ele some
Virado em umbigo
O rosto chupado
O corpo esguio
Está por um fio
À vida ligado
O mendigo triste
A olha do muro:
"Tu tem um pão duro
Ou mesmo um alpiste?
Nessa situação
Não tenho nariz
Me sinto feliz
Até com ração"
A moça bem braba
O olha com nojo:
"Tu aqui de novo
Na minha calçada?
Será que não é
Possível viver
Sem a choldra ter
Pegando em meu pé?"
Ele sai sem jeito
Sem nenhum rugido
Um choro contido
Um soco no peito
O sol bate forte
Na sua moleira
Não há o que mais queira
Do que a própria morte
Sentado na praça
Com os olhos molhados
Com dois namorados
Olhando a desgraça
A lágrima escorre
Lavando seu rosto
Ele está disposto
Suspira então morre
E a moça bonita
Já livre do fardo
Vai até seu quarto
Coloca uma fita
Um batom vermelho
Ela é engraçadinha
Fazendo boquinha
Diante do espelho
sexta-feira, maio 11, 2007
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2 comentários:
se eu tivesse escrito essa poesia já me faria contente e plenamente satisfeito como escritor.
lindo.
Cantas as verdades com maestria.
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