sexta-feira, março 13, 2020

Devaneio cotidiano

Por tantos sacrifícios cheguei aqui,
tantas guerras e revoluções,
tanta morte e tanta vida jogadas
mundo a fora - tudo vão.
Tudo:
O que eu não sei, o que ninguém sabe,
O que fingimos saber:
O que poderá se fazer?
Os minúsculos componentes da matéria.
Cada simples célula do meu corpo.
A infinitude do universo.
Há vida lá fora?
Há vida?
O sol ofusca meus olhos.
O azul do céu esbranquiçado
pelas nuvens deslumbra-os.
Mas ao voltar, vejo-me novamente
insignificante, burro e mesquinho
perante tudo.

Num mundo parelelo, o cigarro vai deixando
uma cinza cilindrica no cinzeiro
e a fumaça vai lentamente
se esvaindo no espaço.

Nenhum comentário: